Quem duvida de que um dia a duas Anas Carolinas estejam nas páginas da Playboy e o Alexandre Nardoni em revistas de nu masculino? Tudo se encaminha para isto. É a sanha da mídia. É a fome do populacho que se alimenta de sangue e sexo. É o reino de Eros e Thanatos. Expõe-se primeiro a vítima a toda espécie de provações, como numa sessão de tortura à la Masoch, (Leia-se Leopold Franz Johann Ferdinand Maria Sacher-Masoch, criador do masoquismo), depois se delicia com seu corpo num orgasmo geral e universal. Quanta masturbação não acontece, diante de imagens mil vezes reproduzidas! Lascívia e ódio. Vingança, não castigo. Volta-se à barbárie, quando os criminosos eram expostos em praça pública para serem apedrejados, vilipendiados, excomungados, cuspidos e cagados. Bela civilização! E como nos orgulhamos disto, sentados à mesa de uma chic praça de alimentação de um moderno shopping, empanturrando-se de uma comida repleta de elementos cancerígenos! Como a gente se orgulha de sair bufando os gases tóxicos de uma comida que se transborda para todos os lados, deixando-nos balofos e pesados como uma baleia! Bela civilização. Isabella. tudo bem. Uma vida. Mas, quantas crianças nós não jogamos pela janela, quando deixamos de atirar-lhes as migalhas que entulham nossas lixeiras e poluem o ar que respiramos? Dramas como estes são vivenciados diariamente nas conversas das domésticas (Secretárias, para ser eufêmico e politicamente correto), de nossos motoristas, de nosso pedreiro ou dos porteiros de nosso prédio. A mídia se cala. Por quê? Cara feia, corpos macerados, não despertam a concupiscência, nem levam à masturbação e ao orgasmo geral. Não. Não vale a pena divulgar. Não vende jornais, nem dá audiência. É uma pena. Oh mundo.
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